quinta-feira, 6 de maio de 2010

Paulo Octávio exige indenização de estudante de baixa renda


O milionário e ex-vice-governador do DF, Paulo Octávio, resolveu cobrar indenizações aos manifestantes do Fora Arruda. Na noite de quarta-feira (05), ocorreu no Fórum Leal Fagundes uma audiência de conciliação entre um dos manifestantes, David Almeida, e a Paulo Octávio Investimentos Imobiliários Ltda. David, que é estudante de filosofia da UnB, foi preso enquanto participava de um protesto pacífico, no dia 22 de fevereiro deste ano, contra a construção do Setor Noroeste. O protesto aconteceu na Central de Vendas do bairro, uma suntuosa loja na 208 Norte.

No boletim de ocorrência feito no dia, o manifestante é acusado pela empresa de ter destruído dois vasos de plantas, que adornavam a entrada da loja. Durante audiência, porém, a advogada da empresa, Flávia Alves Gomes, resolveu cobrar de David não só os vasos, no valor de R$ 1000,00 cada, como também a pintura da parede e até mesmo a água da fonte que decora a loja.

Na ocasião, os manifestantes atiraram ovos e vegetais podres contra o stand de vendas do Noroeste, além de adicionarem corante vermelho em pó à água da fonte, simbolizando o sangue dos indígenas que vivem no local da construção do suposto bairro ecológico. Faixas irregulares de propaganda do bairro também foram incendiadas.

Na ponta do lápis, o “acordo” proposto por Paulo Octávio custaria ao estudante nada menos que dez mil reais. Além do dinheiro, David também teria de redigir um pedido formal de desculpas à empresa, a ser publicado num jornal diário da cidade.

“É um absurdo ser processado pelo maior empresário de Brasília por conta de uma suposta quebra de dois vasinhos de planta, que não representam nada no orçamento dele. E o pior é a exigência de ter de se retratar publicamente por algo que não pratiquei. O processo todo é motivado por interesses políticos, já que o movimento foi vital na derrubada do ex- governador. Isso é parte do trabalho de criminalizar os movimentos sociais. Não vamos nos amedrontar com essa atitude”, pontua David, que se mantém na UnB graças à assistência estudantil, por possuir baixa renda familiar e estar desempregado.

O estudante está sendo assessorado por advogados que atuam no Movimento Fora Arruda, Gilson dos Santos e Márcio Freitas Filho. “Na verdade, a empresa não queria construir acordo nenhum. As exigências deles são estapafúrdias. A ação contra o David tem uma série de falhas, e talvez a maior delas seja a de imputar a uma só pessoa coisas que aconteceram durante um ato com vários e vários militantes. Além de não haver flagrante, as testemunhas arroladas por eles trabalham todas na empresa, estando contratualmente impedidas de falar contra a companhia”, detalha Gilson.

A audiência terminou sem acordo entre as partes, de forma que a disputa será levada a julgamento.

por André Shalders e David Almeida

2 comentários:

  1. Companheiro David estamos juntos nessa
    hum abraço Dalton Rocha

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  2. Isso mesmo David, não vamos aceitar pressões e intimadações, vamos vencer mais essa.
    Bjus e conte sempre comigo.
    Clébia

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