terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sorrio para o tempo, sorrio para todas as controversas,
sorrio para as surpresas, pois a cada dia me sinto vivo,
a cada dia me sinto mais humano, sorrio para o vento que me
leva por novos caminhos, olho para o céu e vejo as nuvens
sendo levada pelos ventos, e dando origem a novas formas.
O homem não faz seu caminho a história o direciona, os acasos
os criam e os formam.
Dalton Rocha

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Possa Você




As vezes é necessário mudar o olhar,

a visão angular a qual se tem sobre a vida.

Nossos dias são feitos de lutas, nosso corpo um campo de

batalha, em nós cicatrizes que nem o longo tempo

Poderá apagar. Nossos dias são únicos, momentos

Sacramentais que nos chamam a viver, nossos olhos

são irrisórios, pouco vemos ainda há muito o que enxergar...

nossa visão Miopia pouco ver o que está escancarado

na interface da vida.

Dalton Rocha

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Resumo do parágrafo 204 do Banquete de Platão

...o discurso continua (parágrafo 204) com Sócrates indagando sobre a qualificação que se deve dar aos que se dedicam à Filosofia, visto Diotima os ter deslocado tanto do lugar entre os sábios quanto da completa ignorância. Na medida em que somente o que se deseja pode ser alcançado e o desejo já traz consigo a ausência do objeto desejado para que se faça presente, o filósofo é o intermediário entre os extremos da sabedoria e ignorância, assim como o Amor que é amor do Belo, cujas características herdou do pai Engenho e da mãe Pobreza.

Mas, o Amor não existe apenas enquanto amor pelas coisas. Quem ama deseja algo a mais: posse. E com a posse das coisas boas se anseia chegar à felicidade, finalidade última do ser humano, segundo Diotima.

Se são todas as pessoas atingidas pelo Amor então todas amam as coisas belas, portanto as mesmas coisas, mas não são todos chamados de amantes porque, segundo Diotima, acostumou-se restringir o termo apenas àqueles conhecidos como amantes, excluindo daí todas as outras formas de amar: poetas, músicos, ginastas, filósofos, todos também são amantes.

Porém, o amor do Belo não se faz a não ser como maneira de criar, gerar, visto ser o objetivo do ser humano perpetuar sua fama ou com grandes feitos ou pela geração de filhos. Assim, Diotima constrói um conceito de Amor segundo o qual se deseja possuir o Belo para que nele se faça criar as mais nobres obras que conduzam à imortalidade.


David Wilkerson

Platão e a Academia

Existem duas formas de fecundidade: a do corpo e a da alma. A primeira dá origem a filhos; a segunda, a obras de inteligência, e a inteligência maior é a que permite o domínio de si para a justiça, que se expressa na vida pública da cidade. A fecundidade de que trata Platão é a de um professor, que é quem semeia discursos na alma do discípulo em comércio de experiências na
vida cotidiana de uma escola filosófica com os demais. A filosofia pode realizar-se apenas na comunidade de discípulos e mestres numa escola. Cleanto aprendeu mais convivendo com Zenão que com seus textos. Da mesma forma, Platão e Aristóteles sendo discípulos de Sócrates; e Metrodoro, Hermarco e Polieno, com Epicuro.

Não foi apenas Platão quem criou à epoca uma escola filosófica. Antístenes, Euclides de Megara, Aristipo de Cirene, foram alguns a realizar também o feito, mas não alcançaram a grandeza da Academia.

Platão conciliou duas maneiras muito singulares de pensamento da sua época. O diálogo, ironia e interesse às questões da vida herdou de Sócrates; e o pitagorismo lhe somou a fomação pelas matemáticas e sua aplicação na natureza, além do ideal de vida entre filósofos, visto que cita amavelmente Pitágoras em trechos da República.

Sua filosofia procura ser atuante. Não vê possibilidade em um governante ser sensato sem uma educação filosófica e sua intenção no estudo dela é primordialmente prática. Seu discurso é bem superior ao dos sofistas. Ensina para o amor ao bem e à transformação interior do homem. Não pretende formar apenas políticos, mas humanos por completo. Seus discípulos aspiravam na vida comum à virtude e investigação coletiva. O mestre não cobrava pelo ensino. E para a formação ideal de seus discípulos procurou integrá-los num ambiente que simulasse a cidade ideal necessária a essa educação. Se não pudessem governar uma cidade, regeriam, no entanto, seu próprio eu segundo essas regras. Platão desenvolve uma pedagogia em separado da cidade, prática também promovida pelos sofistas e, nesse ponto, divergente da educação preetendida por Sócrates, que noutro aspecto é par com Platão ao exaltar o contato pessoal e vivo pelo amor.

Não se sabe muito sobre o funcionamento da Academia. Era composta de membros mais velhos: os professores e investigadores, e os jovens, estudantes, que tiveram relevante participação na eleição do segundo sucessor de Platão: Xenócrates. Espeusipo, teria sido escolhido por Platão. Axiotéia, que se vestia com a túnica simples dos filósofos sem se envergonhar, e Lastenéia foram alunas dos dois mestres, caso que deve ser salientado. A matemática a e a astronomia eram parte dos estudos e Aristóteles permanece 20 anos na escola até começar a lecionar.

As ciências matemáticas, em particular a geometria, eram a parte elementar e inicial da formação do filósofo. Assim, a Academia desenvolveu a axiomática matemática para mais tarde Euclides compor os Elementos. Os futuros filósofos necessitavam debruçar-se sobre a dialética, mas só o faziam após terem alcançado suficiente maturidade (isso com 30 anos). À época, a dialética consistia numa habilidosa técnica de discussão em que alguém lançava uma tese e seu oponente retribuía-lhe com uma pergunta, mesmo sem possuir uma tese sua, para tentar fazer o defensor da tese concordar pelas respostas às suas perguntas com o contrário dessa tese. Esse método será vigente até o século I a. C.

Tal formação era indispensável numa cidade em que o discurso político assentava como caráter modelador dos cidadãos. Porém, Platão considerava a técnica discursiva simples faceta do exercício maior que representava a dialética. Ela precisava comportar a exigência da sensatez num rigor espiritual de combate do intelecto para a elaboração do lógos. O verdadeiro diálogo coloca cada participante como interlocutor, de forma a se evitar que um sobreponha sua verdade ao outro. Submete-se cada um à autoridade do lógos para se chegar à verdade. Mas, essa autoridade não é dogmática. Representa o acordo que cada um constrói para se efetivar o diálogo.

David Wilkerson

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As Mulheres...


As mulheres são dotadas de beleza, um encanto
aos nossos olhos... um azeite para as nossas vidas,
um fluido Humectante para o nosso corpo, uma poesia formada,
construída de forma inteligente e bela. Feias ou bonitas ao
degustarmos seu seio sempre sentiremos prazer...
Há aquelas que nascem com o dom de ser companheira,
outras boas mães, no outro pólo inteligentes, em fim,
sempre cheias de qualidades umas mais outras menos.
Há aquelas que são irreverentes e não bendizem o ventre
fértil a qual a natureza lhe premiou... Feministas radicais...
fico a imagina para que serve tal tipo de mulher?
É talvez, sirva para o sexo, prazer descompromissado...
Dalton Rocha

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Insatisfeito


A tempos sinto uma grande vergonha,
e isso fez com que o papel não riscasse mais meu lápis,
aquilo que percebo não pode ser simplesmente
descrevido em um papel, sinto vergonha por não poder faze-lo.
Como posso descrever? Não desejo que sejam quimeras,
Pois aquilo que vejo está além. Seria um desrespeito com
tudo e com todos.


Dalton Rocha

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Eis ai




De olhos abertos não vejo a luz na escuridão
Fecho-os e assim dissipa-se tudo o que é trevas.
Vejo homens que estão vivendo em casulos,
outros acreditão em mentiras para torna
a vida mais fácil. É verdade, a anos nos
contam mentiras com tanta profundidade que até
parece verdade, eis ai o vício dos homens.

Dalton Rocha

terça-feira, 20 de julho de 2010

Para você


Seus dedos estão roxo,
seus olhos opacos.
Nestes abraços sinto seu corpo frio,
estás a caminhar e não sinto o pulsar
de seu coração, sua ausência enquanto matéria
seria um favor a si próprio.
Seu corpo perdeu a validade.
Sua matéria está destinada a ficar neste verso.

Dalton Rocha

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A presença distante das estrelas!

Mário Quintana

domingo, 11 de julho de 2010

"Aceito a revolução com todos os seus horrores, sem quaisquer reservas covardes".

José C. Mariátegui

segunda-feira, 5 de julho de 2010

"A maturidade é o estado de espírito que se acomodou,... que renunciou aos sonhos mais atrevidos de aventura e realização."
Peter L. Berger

"Da igualdade - como se ela me ferisse, dando aos outros as mesmas
[chances e direitos que tenho - como se não fosse indispensável
aos meus próprios direitos que os outros também os tenham."
Walt Whitman

segunda-feira, 28 de junho de 2010


O Analfabeto Político
Berthold Brecht

O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

sábado, 26 de junho de 2010

A Moeda




A "moeda" possui diâmetro, espessura.
Ela possui dois lados, dependendo se muito
ou pouco pode variar o seu valor.

A "moeda" pode distinguir as pessoas,
pode da "valor" aquilo que não possui,
pode comprar "alegrias," regalias.

A vida não é bilateral,
seu diâmetro não tem fim.
Quem pagará seu valor?

O amor tem o poder de unir as cores,
seu valor é imensurável.
O amor tem o poder, o poder de gerar vida.


Dalton Rocha!

quinta-feira, 24 de junho de 2010


Isso é de fato irrisório.
seu veneno, é como o de uma taipan,
corroí os rins, mata, tira o valor próprio,
é pode até lhe dar uma zupam.

Assim, zupam pode velam
seu cérebro vai selam
preferível o coração gelam
e não ser cortado como uma rã.

Coitado do quer for dominado pela flamme.
freneticamente pensando. Paralisado pela mamba.
Ardentemente, louco sob o fulgor da flamme ame,
ai ai ai! FUJA ,FUJA DA FLAMME...


Dalton Rocha

terça-feira, 22 de junho de 2010

NOTA de Repúdio Contra a Repressão Política em Brasília – DF


Nós, cidadãos, parlamentares, partidos políticos, organizações sociais e entidades representativas abaixo listadas repudiamos a criminalização e repressão em curso no Distrito Federal contra os/as que ousaram se inginar contra toda a máfia instalada no poder do Distrito Federal - DF.
No dia 17 de Abril, em protesto pacífico na Câmara Legislativa do Distrito Federal – CLDF, contra a eleição indireta e ilegítima que elegeu o atual Governador-tampão, foram presos Daniel Galvão, Diogo Ramalho, Solon Nicolas, e Derci Barbosa. Daniel Galvão, estudante do Mestrado foi além de espancado publicamente, lhe atribuído acusações forjadas e infundadas, bem como o estudante Solon, que teve de ser socorrido ao Hospital e o estudante Derci, todos sendo processados penalmente por incitação ao tumulto, dentre outras acusações. Todos foram conduzidos à 2º Delegacia de Polícia, ao lado da CLDF e forçados a assinar confissão de culpa, Daniel que se recusou a assinar, foi encarcerado.
O estudante Diogo Ramalho depois de preso por suposto desacato, foi conduzido para a 2º DP mas logo em seguida levado em separado para a Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações – DRPI, 30min de viatura da CLDF, e submetido a tortura moral e fisica, sendo espancado por políciais civis e arrastado no chão pelos cabelos nos corredores até dentro da cela.
Além dos presos no protesto do dia 17 de Abril, o estudante de baixa renda David Wilkson está sendo processado pelo Bilionário e ex-vice governador Paulo Octávio a pagar mais de 10 mil reais em indenização por ter supostamente quebrado 2 vasos de planta, orçados em 1mil reais, em protesto no ilegal stand de vendas do setor noroeste, em Março de 2010. No julgamento de conciliação o estudante se comprometeu a pagar o vaso, Paulo Octávio Empreendimentos no entanto, exige retratação pública em jornal de grande circulação mais o valor exorbitante do estudante que se mantém na UnB graças à assistência estudantil.
Repudiamos também as mais de 80 convocações a depor feitas às pessoas que participaram de protestos pacíficos nos fins de semana durante 3 meses em frente às residências dos parlamentares flagrados na operação caixa de pandora. As placas foram anotadas pela PM-DF e através dessas informações, as convocações só aumentam a cada dia, e têm o claro intuito de constranger e intimidar.
Por último repudiamos o processo administrativo aberto na CLDF contra 10 servidores, acusados de participarem de alguma maneira da ocupação popular da CLDF, ocorrida de 2 a 8 de dezembro de 2009.
Não esqueceremos também jamais, toda a repressão empreendida pelo Coronel Silva Filho, no dia 09 de dezembro, quando a cavalaria pisoteou e o BOPE massacrou os mais de 5 mil manifestantes que protestavam pacificamente contra a impunidade em frente ao Palácio Buriti, prendendo 5 pessoas e deixando dezenas de feridos. O mesmo Coronel Silva Filho, no dia 17 de Abril mais uma vez empreendeu repressão violenta e desproporcional contra os que protestavam contra a eleição indireta realizada pelos parlamentares corruptos que seguem sem punição.
Não aceitaremos a repressão política-jurídica-penal a tantos lutadores e lutadoras que gritaram contra a injustiça e a impunidade.
Quem quiser assinar é só mandar um e-mail para: ocupacaocldf@gmail.com

Criminalização Descarada

Em novo ânimo de luta, o Movimento Fora Arruda convoca a todxs a denunciar nesta quinta-feira os inúmeros processos descabidos em que tem sido acusadxs xs participantes nas lutas desde o início dos protestos em novembro passado contra o "grupo do terror". Já passam de 70 xs perseguidxs, entre indiciadxs e chamadxs a prestar depoimento pelo suposto envolvimento em ações ilícitas ocorridas duranta a ocupação da CLDF e manifestações de rua. Algumas acusações são tão absurdas que chegam a dizer que houve formação de quadrilha, tráfico de drogas e agrassão a policiais armados. Os casos de Daniel e Diogo são bem representativos por terem sido ambos torturados e constar em seu processo que foram agressores até de manifestantes quando das eleições indiretas em 17 de abril desse ano. Há ainda a exigência, pela Paulo Octávio Empreendimentos, de indenização pelo manifestante David no valor de R$ 10 000,00 (dez mil reais) pela suposta quebra de dois vasos de ornamentação do estande de vendas da empresa.

Diante dos fatos, vê-se a necessidade de prestarmos uma resposta à altura da investida contra o movimento denunciando de todas as formas a flagrante tentativa de criminalização de nossa luta.
De início está marcado um ato na rodoviária do Plano nesta quinta às 18h com ponto de encontro na escada ao lado da entrada do metrô. Levaremos faixas explicando à população o contexto e a nota de repúdio que será assinada por vários movimentos sociais e representantes da sociedade civil militante.

ATO QUINTA ÀS 18H NA RODÔ

Ao Povo Nordestino


A terra é árida
Calejadas estão as mãos...
Esperamos com fé as chuvas do verão...
O suor escorre pelo rosto...
Mesmo sendo fundo, água não da no poço...


Nós somos um Povo trabalhador,
esperamos dos céus recompensas
porque há dignidade em nosso labor...


O povo está cansado, não do labor!
mas dos grandes que tentam comprar
nosso voto em troca de um "favor".


Sem escrita sem diploma, mas o povo não
é bobo, não tem caneta nem papel,
só em rimas a história foi contada, não
se perderam não, e foi o caboco com suas mãos
que fez virar literatura de cordel.


Dalton Rocha

domingo, 20 de junho de 2010

Maniqueísmo: Essência do Mal?

A filosofia maniqueísta se propôs assim como o gnosticismo a ser a delineadora dos contornos entre as duas forças opostas e totalizantes do universo, que por ela foi reduzido a apenas dois princípios: o Bem e o Mal. Toda a ética que conhecemos é fruto dessa dualidade que cria percepções de certo e errado a partir das relações das ações humanas com cada um dos princípios. A infinitude de comportamentos possíveis foi assim enclausurada em duas categorias estanques a partir das quais o mundo é explicado. É possível ver nessa visão a relação com o dualismo das valorações na Lógica Clássica, que comportavam apenas verdadeiro e falso para qualquer proposição. A abrangência dessa filosofia é tão à mostra quando percebemos o quanto o pensamento moderno é moldado por oposições: útil e inútil, negro e branco, belo e feio, mulher e homem, forte e fraco, mau e bom, pequeno e grande, dominante e dominado, inferior e superior, civilizado e bárbaro, etc.

São várias e reveladoras as implicações desse modelo mental acentuadamente na divisão dos seres humanos em dois gêneros: feminino e masculino, e na consolidação do gosto estético: belo e feio.

Feminino e masculino são por essa lógica elaborações que pretendem encerrar a multiplicidade de expressões humanas à suposta determinância que um e outro órgão genital impõe à identidade dos corpos. Todo e qualquer ser humano precisa ser encaixado em uma das categorias. Caso suas particularidades fujam à classificação é definido como desviante ou estranho, necessitado de promover correção. Daqui pode-se conceber a chance que há de tal dualismo trazer em si o germe da dominação, visto que o poder é dual em todas as suas manifestações. Não é por acaso que o mundo contemporâneo em praticamente todas as culturas se mostra machista e heterossexual. A dualidade nunca é equilibrada, há sempre um superior e um inferior. Em todas duplas categorias está presente o elemento poder.

A Estética em consequência apresenta um belo e seu inferior oposto. Aos intermediários a existência é negada. Se estendendo ela a toda realidade sensível, é notório perceber que os corpos humanos precisassem comportar-se em uma das duas. O feio e o belo aplicados aos corpos criou o racismo. Percebemos curiosamente que o padrão de beleza de uma época é sempre o da sociedade ou classe dominante de então.

O motivo de serem os negros, mulheres, glbtts, índios, animais, etc. inferiorizados no atual capitalismo é apenas mais uma das expressões da divisão binária da existência fundada numa relação de poder em que existindo apenas dois um deles precisa dominar por ser "naturalmente" superior.

David Wilkerson

terça-feira, 15 de junho de 2010

Poema Meta


Sim, meu corpo máteria está
preso neste Verso.
Sou indivisível, e meu espírito
deve está em união
com o Absoluto.

As vezes sou um com o todo,
mas confesso que
tem horas
que meu Eu com o todo
não é nenhum.



Dalton Rocha

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Eis o Que Temo


Eis o que temo
Temo o calor do sol o céu claro,
o brilho das estrelas a
beleza de um luar.

Eis o que temo
A compaixão dos fracos,
os aplausos da multidão,

Eis o que temo
À cegueira da paixão,
a certeza inflexível.

O que temo?
As aparências!

Dalton Rocha

domingo, 13 de junho de 2010

Pense Comigo!


Certa vez um jovem discípulo questionou seu mestre:

Mestre a anos convivo com o senhor e sempre lhe vejo
em silêncio profundo, por que?

O mestre calmamente olhou-o nos olhos e disse:

o homem que for capaz de diminuir a força de seu ego, e manter-se em silêncio, conhecera grandes mistérios escondidos no Verso e no Uno.

O jovem discípulo o fez um pedido:

mestre, por favor, me ensine o segredo para conhecer tais coisas?

O mestre com seus olhos fixos em seu discípulo sorriu e disse:

o segredo? O segredo do segredo está contido
no próprio segredo. se é segredo não deve ser dito
a ninguém, e sendo assim lhe pergunto;
qual é o segredo do segredo?

O jovem abaixou sua cabeça, deu dois passos à direita,
um à frente, sentou-se ao lado de seu mestre
e pois-se a meditar.

Dalton Rocha

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Em Nome De Todos os Negros



Por muitas vezes tentaram me sufocar, e pela cor de minha,
melanina trataram-me pior que um criminoso exilado,
fui subjugado, condenado a ser escravo. Minha existência
foi considerada como um mero favor "divino" ou um simples
fruto do acaso... disseram-me que não tinha coração, alma,
e com os mortos não participaria da redenção... para terem
certeza me decapitaram e com o reino dos céus passei a não
ter comunhão. É foi assim que soube que Deus existia, na
pratica encimaram-me segundo os preceitos do "livro sagrado"
que é divino acepções entre os seres...

Por muito tempo ser negro era ser herdeiro deste
silêncio, hoje ser negro é ter na veia a força herdada da superação,
"rebeldia" luta de zumbi o negro que trouxe a muitos coragem e
libertação, meu silêncio subjugado outrora, agora são palavras
gritantes, quem poderá me conter? meus olhos negros não
brilham somente, falam! Meus lábios proclama palavras de
vitória, o coração carrega um amor ardente pela cultura que é
forte e transparecer em meu ser, esta tradição está enraizada em minha alma.


Por mais que fui e ainda seja neste silêncio preso pelas algemas do racismo e discriminação que ainda vive camuflada entre a sociedade medíocre, saibam que minha alma foi e sempre será livre.

Dalton Rocha

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Onde Está a Autenticidade?


Vou lhe dizer o que falta! Ora, é simples.
O que falta nada mais é que autenticidade!
Cansei de ver réplicas, cansei de toda essa sua
Superficialidade, não vejo nada de novo!

Estão apenas a reproduzir... o que descobrem, produzem?
Você sabe! Seus pensamentos não são nada novos!
Sua arte: uma autêntica cópia! Estou saturado!
Onde estão os poetas? Não "morreram" os filósofos?

Onde estão?! O que vejo? Réplicas de grandes homens,
Que fizeram
de sua "existência enquanto vida caminhante" uma
Eterna descoberta. O que vejo? Medíocres homens voando
Nas asas de outros pássaros!


Dalton Rocha

Metamorfose


Não me lembro ao certo quando
Soltei meus primeiros versos...
Lembro-me que a música era minha
inspiração. A música tornou-se de fato poesia.

Lembro, pequenos epitáfios antecipados que podiam
Dizer grandes coisas... lembro-me de meus
Últimos versos, e estes são os primeiros que
Precedem os novos... adentro em algum lugar.

De meu interior, não sei bem onde, e busco letras
Que formem sílabas, sílabas que formem palavras, palavras
Que formem frases, frases que formem poesias, epitáfios,
Textos enfim, mas que expressem claramente aquilo que vejo.


Dalton Rocha

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Meus Últimos Versos...


Ao olhar-me neste espelho entre
Estas paredes claras de aspecto sombrio
Vejo o brilho que há em meus negros olhos,
desço nas profundezas do abismo que há em meu ser.

Um encontro com meu eu, minha alma,
A essência que estou a cada dia por criar.
Minhas mãos manchadas, ensanguentadas...
Não nego, aquilo que sou é fruto de minha história,

Negá-la seria apagar minha existência.
Sou o único herdeiro de minhas ações.
Mas a pergunta é simples: suas escolhas
Tem melhorado seu modo de viver?



Dalton Rocha

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Luta!


Se chegamos até aqui, isto é um sinal de fortaleza.
Se abortamos será sinal de que não fomos fortes o suficiente.
Não conseguiríamos êxito e seríamos uma frustração
Para o futuro e para as gerações que nos precederam.
Não engane-se com a glória, porque vivemos em luta
E só os destemidos vão até o fim.
O fim pode ser o começo pois nossa
Existência sempre será lembrada, nossas atitudes
um "eterno retorno*."


Dalton Rocha


Nietzche
*

cULTURA iNDUSTRIALIZADA


Nossa cultura é como alimentos fabricados pela grande indústria, melhor, ela está sendo industrializada: Se escuta-se aquilo que a mídia produz, se veste e o diálogo é o mesmo. Isso explica o retrocesso intelectual, pois a "realidade" que boa parte das pessoas vivem e conhecem são ficções de "grandes" filmes e novelas. Assim as mesmas desconhecem a realidade: o mundo sem sombras e objetivo... Devemos à mídia o consumismo, o avanço desenfreado do capitalismo e o esquecimento artístico e cultural por parte das grandes massas,( pessoas de baixa renda). A "grande" cultura está destinada àqueles que retém em suas mãos um poder aquisitivo maior, acessível a eventos "relevantes" como teatros de renome, museus e óperas...há aqueles que criam sua própria cultura. Esses ficam à márgem da sociedade. Estão privados como os outros, mas não estão totalmente porque sua cultura é independente...

Dalton Rocha

terça-feira, 25 de maio de 2010

Candanga
para Paulo Bertran

Candanga, a alma leve dos cerrados,
a moça e seus cabelos, nos longes de Goiás.
Candangos nós, teus filhos de adoção.
Candangos nossos filhos,
nascidos do teu chão.

A mão que te acenou de tão distante
foi quem prometeu que te faria.
Trocou o talvez por neste instante,
e a cidade assim se fez.

Candangos Vladimir, Bertran, Oscar, Sayão.
Candangos Lúcio, Vera, Nicolas, Bulcão
Candangos Teodoro, Cássia, Renato, Catalão.

Misteriosos como os campos de cerrados
de longe, apenas troncos retorcidos
de perto, segredos revelados:

água de mina, raízes, folhas, flores
beleza pura que explode por detrás
dos detalhes escondidos na aridez
da vastidão dos campos de Goiás.

Paulo José Cunha
Poema classificado em 3º lugar no Concurso Nacional de Poesia “Brasília: 50 anos”


Poesia é remédio pra alma e pode até salvar vidas

domingo, 23 de maio de 2010




Sim... amada por uns tempos
O silêncio será nosso maior diálogo.
Neste mesmo silêncio não me
Esqueço de sua doce voz.

Se buscardes em outros braços
Abraços que aqueçam ou em
Lábios doces beijos, sinceramente
Desejo que não os encontre.

Perdoe meu egoísmo minha amada,
Este desejo de lhe ter ao meu lado.
Tu és a jóia que um garimpeiro
Tanto sonha em encontrar.

Não me lembro ao certo, mas algum
Dia tornei-me um, e lhe encontrei.
Desculpe-me não tenho muitas palavras,
Apenas estes simples versos para expressar-me.


Dalton Rocha



20 de Maio de 2010
André Abrahão
Manifestação

Os policiais ajudaram a retirar os "provocadores" liderados pelo deputado Aleluia

Direita brasileira é enxotada da manifestação pró-Cuba

A direita brasileira escolheu o dia 20 de Maio, esta quinta-feira, para fazer uma manifestação contrária ao regime de Cuba, mas foram surpreendidos com uma manifestação favorável a ilha. Os cinco manifestantes de direita, liderados pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), foram enxotados pela dezenas de manifestadores que foram prestar solidariedade à Cuba.

Para isso contaram com a ajuda de policiais militares que impediram os atos de agressão ensaiados pelos “ianques”, como foram chamados pelos manifestantes: “Fora ianques”. Eles ainda insistiram nas provocações, passando de carro em frente à Embaixada de Cuba em Brasília, onde se realizava o ato.

Após o encerramento do evento, que durou duas horas de discursos, gritos de palavras de ordem e agitação de bandeiras e exibição de faixas, os manifestantes foram recebidos pelo embaixador cubano, Carlos Zamora, nos jardins da embaixada. Ele quis agradecer pessoalmente ao que considerou “ demonstração de carinho e solidariedade para com a revolução cubana e o que ela significa para todo o mundo.”

A exemplo dos manifestantes, Zamora encerrou sua fala com as palavras de ordem: “A luta de Cuba é a luta do povo”; “Liberdade para os cinco”, “Abaixo o imperialismo”; “Viva José Martí”, “Viva Fidel Castro”. E foi acompanhado ainda nas palavras de “vivas” à “Eterna amizade do povo de Cuba e do povo do Brasil”, encerrando com “Patria ou Muerte”.

Vaias e vivas

Na chegada do grupo de Aleluia, que carregava fotos de presos em Cuba, o vice-presidente do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), Paulo Guimarães, que estava discursando no carro de som, calou-se para acompanhar a movimentação de chegada e retirada deles, que durou poucos minutos. E depois comemorou: “Foram embora com o rabo entre as pernas, porque não tem inserção social, não tem apoio popular.”

“Vaias para eles e vivas para Cuba”, gritavam os manifestantes à saída do grupo de Aleluia.

Após a saída do grupo, os manifestantes se revezaram ao microfone para apresentarem palavras de apoio e solidariedade. Guimarães voltou a falar “para prestar solidariedade e apoio a esse povo que tem uma história que honra a humanidade. Esse ato demonstra a representatividade da luta do povo cubano que está centrada no entendimento e solidariedade”, disse.

Campanha midiática

Os manifestantes, a exemplo da coordenadora do Núcleo de Estudos de Cuba (NesCuba) da Universidade de Brasília (UnB), María Auxiliadora César, também se posicionaram contra a campanha midiática das grandes potências que tentam desacreditar a revolução cubana diante do mundo. “Cuba soube resistir porque tem um povo bravo e existem grupos no mundo inteiro que a apoiam, como esse que está aqui agora em Brasília.”

“Na base de mentiras e calúnias, transformam delinqüentes comuns em “presos políticos”, transformam mercenários pagos pelos cofres do Pentágono em “dissidentes”, premiam blogueiros vulgares como se fossem jornalistas e escritores. O centro desta campanha esta na Casa Branca, com o apoio de governos e parlamentares reacionários da União Européia. No Brasil, a campanha é protagonizada pela mídia conservadora e uma minoria de direitistas no Congresso Nacional”, diz o texto distribuído entre os manifestantes.

Graça Sousa, secretária de mulheres da CUT, disse que os movimentos sociais estão alertas para a ofensiva do capitalismo contra a revolução cubana que, a despeito do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, comemora 50 anos. E destacou as principais bandeiras de luta do regime cubano que conta com o apoio e solidariedade dos povos da América Latina: o fim do bloqueio, a devolução do território de Guatanamo e a libertação dos cinco cubanos presos nos Estados Unidos.

Tilden Santiago, que foi embaixador de Cuba no primeiro Governo Lula, falou sobre a alegria de participar do ato, destacando que a mesma alegria devem sentir Fidel e Raul Castro ao tomar conhecimento de que o povo trabalhador brasileiro defende a revolução.

“A democracia avança na América Latina e avança a resistência dos cubanos que deram suor e sangue contra o imperialismo”, discursou, acrescentando que “se hoje nós temos governos à esquerda em toda a América Latina – Bolívia, Venezuela, Equador e no Brasil -, nós devemos a resistência permanente da revolução cubana, que é a vanguarda do sistema socialista na América Latina.”

“De pé, nunca de joelhos”

O ato contou com a participação de representantes de outros países e de cubanos. Tirso Sainz, da Associação Nacional de Cubanos Residentes no Brasil (ANCREB) agradeceu a presença dos brasileiros, bolivianos e equatorianos, destacando que “a revolução cubana tem em seu povo a principal força.”

O coordenador do MST da Bolívia, Silvestre Saisari, disse que a presença da Bolívia no ato em apoio à Cuba representa a confiança na luta dos trabalhadores para construir uma pátria livre. Ele encerrou suas palavras breves, como a maioria dos oradores, puxando palavras de ordem: “Cuba de pé, nunca de joelhos.”

A equatoriana Loyda Olivo, da Via Campesina internacional, lembrou, em sua fala que “quem está contra Cuba está contra a América Latina.” E teve as palavras reforças por Rosângela Piovizani, do movimento de mulher camponesas, que destacou: “Cuba é uma referência para nós e tudo que significa de país livre do imperialismo”. Ao final, ela animou o público com as palavras de ordem: “Globalizemos a luta”. Em resposta, os manifestantes diziam: “Globalizemos a esperança.”

Roseli Maria de Sousa, da Via Campesina Brasil, resumiu sua fala à condução de uma representação. Ela pediu que os manifestantes se voltassem para a frente da embaixada e para o reconhecimento da revolução socialista com gritos de “vivas” à Cuba, à população cubana e aos trabalhadores e trabalhadoras que combatem o imperialismo. “É a Via Campesina na luta em defesa do socialismo e contra o imperialismo”, afirmou.

Lutas antigas e atuais

O embaixador Zamora, sob o sol forte de meio-dia, conversou com os manifestantes ao final do ato. Ele reforçou as lutas atuais do povo cubano, como a recuperação do território de Guatanamo, que serve como um posto de tortura dos Estados Unidos e que é mantido pela força; o fim do bloqueio econômico, que condena o povo cubano a penúria e que persiste, apesar de ser considerado pelos tratados e a comunidade internacional como elementos de genocídio; e a libertação dos cinco heróis cubanos, que lutaram contra o terrorismo dos Estados Unidos em nosso território e que estão cumprindo pena nas prisões dos Estados Unidos - presos injustamente e sem julgamento.

Zamora destacou que estas questões são ignoradas pela mídia internacional, que se cala sobre elas e que, enquanto elas existirem, Cuba não pode manter relação adequada com os Estados Unidos e nem o mundo poderia.

O diplomata também lembrou que a data de de maio é “cara” para o povo cubano, porque marca a morte do herói cubano José Martí, líder da guerra pela independência de Cuba.

Em 19 de maio de 1895, no comando de um pequeno contingente de patriotas cubanos, após um encontro inesperado com tropas espanholas nas proximidades do vilarejo de Dos Ríos, José Martí é atingido e vem a falecer em seguida. Seu corpo, mutilado pelos soldados espanhóis, é exibido à população e posteriormente sepultado na cidade de Santiago de Cuba, em 27 de maio do mesmo ano.“Um feito que nós cubanos levamos no coração”, disse o diplomata.

Sobre o dia 20 de maio, o diplomata disse que representa “um dia nefasto na história de Cuba”. Naquela data, "Cuba caiu nas garras do império norte-americano, que interveio na guerra contra a Espanha, ocupou militarmente a ilha e estabeleceu o que se conheceu pela primeira vez na história da humanidade como neocolonialismo.”




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Renasçam/Libertem-se

Enquanto a juventude sofrer um processo de putrefação mental e intelectual causado pela mídia sensacionalista, individualista, alienante...o nosso pais será o mesmo. Enquanto os estudantes forem grandes teóricos, intelectuais de mesa, maleáveis ao sistema, nada mudará. Me admiro da indiferença de nossos jovens acadêmicos rodeados de livros, sentados na História, à márgem da própria História e desconhecendo e não intervindo em seu rumo futuro. Gastando suas forças, suas energias em quimeras. "A vida foi feita para ser consumida, não gasta"*. Sim, consumemos nossa vida! Renasçam! Sejam uma fênix! Um basta à corrupção, à desigualdade entre os povos, não mais podemos aceitar essa falsa democracia que é flexível a grandes erros, principalmente de dirigentes do povo. Que subjuga o homem. Gritemos, juventude, gritemos juntos, façamos com que nossa voz seja ouvida e temida por todos aqueles que retém em suas mãos o poder do povo e o usam como meio de benefício próprio.

Dalton Rocha




* David Wilkerson

Fidel: A importância histórica da morte de José Martí

Fazendo abstração dos problemas que hoje angustiam a espécie humana, nossa Pátria teve o privilégio de ser berço de um dos pensadores mais extraordinários que nasceu neste hemisfério: José Martí. Em 19 de maio, completa-se (completou-se) o 115º aniversário de sua gloriosa morte.

Por Fidel

Não seria possível avaliar a magnitude de sua grandeza sem levar em conta que aqueles com os quais escreveu o drama de sua vida também foram figuras extraordinárias, como Antonio Maceo, símbolo perene da firmeza revolucionária que protagonizou o Protesto de Baraguá, e Máximo Gómez, internacionalista dominicano, professor dos combatentes cubanos nas duas guerras pela independência onde participaram.

A Revolução Cubana que, ao longo de mais de meio século, vem resistindo aos ataques do império mais poderoso existente, foi fruto dos ensinamentos daqueles predecessores.

Apesar de que quatro páginas do diário de Martí nunca estiveram ao alcance dos historiadores, o que consta no resto daquele diário pessoal, detalhadamente escrito, e outros documentos seus daqueles dias, é mais do que suficiente para conhecer os detalhes do acontecido. Como nas tragédias gregas, foi uma discrepância entre gigantes.

Na véspera de sua morte em combate, escreveu a seu íntimo amigo, Manuel Mercado: "Já corro todos os dias o perigo de dar minha vida pelo meu país e por meu dever — já que o entendo e tenho ânimos para realizá-lo — de impedir a tempo, com a independência de Cuba, que os Estados Unidos se estendam pelas Antilhas e caiam com essa grande força sobre nossas terras da América. Tudo o que fiz até hoje e farei, é para isso. Em silêncio teve que ser e indiretamente, porque há coisas que, para consegui-las, devem estar ocultas, e de se proclamarem como são, trariam dificuldades muito sérias para conseguir sobre elas o fim".

Quando Martí escreveu estas palavras lapidárias, Karl Marx já tinha escrito O Manifesto Comunista, em 1848, isto é, 47 anos antes da morte de Martí, e Charles Darwin publicara A origem das espécies, em 1859, para citar só duas obras que, na minha opinião, mais influenciaram na história da humanidade.

Marx era um homem tão extraordinariamente desinteresseiro, que seu trabalho científico mais importante, O Capital, talvez jamais se teria publicado se Friedrich Engels não tivesse reunido e organizado os materiais aos quais o autor dedicou sua vida toda. Engels não só se encarregou desta tarefa, mas também foi autor de uma obra intitulada Introdução à dialética da natureza, onde falou do momento em que a energia do nosso sol se esgotaria.

O homem ainda não sabia como libertar a energia existente na matéria, descrita por Albert Einstein em sua famosa fórmula, nem dispunha de computadores que fazem bilhões de operações por segundo, capazes de reconhecerem e transmitirem, ao mesmo tempo, os bilhões de reações por segundo que têm lugar nas células das dezenas de pares de cromossomos que a mãe e o pai entregam em partes iguais, um fenômeno genético e reprodutivo que conheci depois do triunfo da Revolução, buscando as melhores características para a produção de alimentos de origem animal nas condições do nosso clima, que se estende às plantas, através de suas próprias leis hereditárias.

Com a educação incompleta que os cidadãos de mais recursos recebíamos nas escolas, a maioria privadas, consideradas os melhores centros de ensino, tornávamo-nos analfabetos, com um pouco de mais nível que aqueles que não sabiam ler nem escrever ou que frequentavam as escolas públicas.

Por outro lado, o primeiro país do mundo que tentou aplicar as idéias de Marx foi a Rússia, o menos industrializado dos países da Europa.

Lênin, criador da Terceira Internacional, considerava que não havia no mundo organização mais leal às idéias de Marx que a fração bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo. Embora boa parte daquele imenso país vivesse em condições semifeudais, a classe operária era muito ativa e combativa.

Nos livros que Lênin escreveu depois de 1915, foi crítico incansável do chauvinismo. Em sua obra O imperialismo, fase superior do capitalismo, escrita em abril de 1917, meses antes da tomada do poder como líder da fração bolchevique daquele partido frente a fração menchevique, demonstrou que foi o primeiro em compreender o papel que estavam chamados a desempenhar os países sujeitos ao colonialismo, como a China e outros de grande peso em diversas regiões do mundo.

Por sua vez, a valentia e audácia de que Lênin era capaz foi demonstrada pelo fato de ter aceitado o trem blindado que o exército alemão, por conveniência táctica, lhe proporcionou para transladar-se da Suíça às proximidades de Petrogrado, pelo que os inimigos dentro e fora da fração menchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo não tardaram em acusá-lo de espião alemão. De não ter utilizado o famoso trem, o fim da guerra teria surpreendido ele na distante e neutral Suíça, com o qual o minuto ótimo e adequado se teria perdido.

De alguma forma, por puro azar, dois filhos da Espanha, graças a suas qualidades pessoais, passaram a ter um papel relevante na Guerra Hispano-Norte-Americana: o chefe das tropas espanholas na fortificação de El Viso, que defendia o acesso a Santiago da altura de El Caney, um oficial que combateu até ser mortalmente ferido, causando aos famosos Rough Riders — ginetes duros, norte-americanos organizados pelo então tenente-coronel Theodore Roosevelt, que por causa do precipitado desembarque desceram sem seus fogosos cavalos — mais de trezentas baixas, e o almirante que, cumprindo a estúpida ordem do governo espanhol, partiu da baía de Santiago de Cuba com os fuzileiros navais a bordo, uma força seleta, da única maneira possível, que foi desfilar com cada navio, um a um, saindo pelo estreito canal de acesso, tendo em frente a poderosa frota ianque, que com seus encouraçados em linha disparavam com os potentes canhões contra os navios espanhóis, de muito menor velocidade e blindagem.

Logicamente, os navios espanhóis, suas dotações de combate e os fuzileiros navais foram afundados nas profundas águas da fossa de Bartlett. Apenas um desses navios chegou a poucos metros da beira do abismo. Os sobreviventes daquela força foram presos pela esquadra dos Estados Unidos.

A conduta de Martínez Campos foi arrogante e vingativa. Cheio de rancor por seu fracasso na tentativa de pacificar a Ilha, como tinha feito em 1871, apoiou a política ruim e rancorosa do governo espanhol. Valeriano Weyler o substituiu no comando de Cuba; este, com a cooperação dos que enviaram o encouraçado Maine a buscar justificativas para a intervenção em Cuba, decretou a reconcentração da população, que causou enormes sofrimentos ao povo de Cuba e serviu de pretexto aos Estados Unidos para estabelecerem seu primeiro bloqueio econômico, o qual deu lugar a uma enorme escassez de alimentos e provocou a morte de incontáveis pessoas.

Assim se viabilizaram as negociações de Paris, nas que a Espanha abriu mão de todo direito de soberania e propriedade sobre Cuba, depois de mais de 400 anos de ocupação em nome do Rei da Espanha, em meados de outubro de 1492, após afirmar Cristóvão Colombo: "esta é a terra mais formosa que olhos humanos viram".

A versão espanhola da batalha que decidiu a sorte de Santiago de Cuba é a mais conhecida, e sem dúvida houve heroísmo se é analisado o número e a patente dos oficiais e soldados que, numa situação muito desvantajosa, defenderam a cidade, honrando a tradição de luta dos espanhóis, que defenderam seu país dos aguerridos soldados de Napoleão Bonaparte, em 1808, ou a República Espanhola contra a investida nazi-fascista, em 1936.

No ano de 1906, uma ignomínia adicional caiu sobre o comitê norueguês que outorga os prêmios Nobel, ao buscar ridículos pretextos para conceder essa honra a Theodore Roosevelt, eleito duas vezes presidente dos Estados Unidos, em 1901 e 1905. Nem sequer era clara sua verdadeira participação nos combates de Santiago de Cuba à frente dos Rough Riders, e pôde ter muito de lenda a publicidade que recebeu posteriormente.

Eu apenas posso testemunhar a forma em que essa heróica cidade caiu nas mãos das forças do Exército Rebelde, em 1º janeiro de 1959. Então, as ideias de Martí triunfaram em nossa Pátria!

Por Fidel Castro Ruz
20/05/2010
www.vermelho.org.br

Mais Uma Vez


Matéria prima transformada em objeto, fina peça branca de tamanho
"X" para cobrir sua negra pele macia. Seu corpo frondoso
Com perfeitas curvas sinuosas, uma viagem realmente perigosa.
Me aventuro por estes caminhos descobrindo por baixo
De seu soutien a beleza que há na rigidez da juventude.
Anseio por te despir totalmente arrancando este curto linho vermelho
Que cobre seus íntimos segredos...
Se afaste de mim, sua dança é sensual e me enlouquece.
Encoste seu corpo no meu, seu perfume é embriagante.
Tocando seu corpo sei que estás a desejar mais uma vez consumir-se
De um intenso prazer, sim antes de tudo, hoje lhe devorarei em
Um intenso congresso...


Dalton Rocha

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sobre o Projeto de Lei "Ficha Limpa"

A política é de longe conduzida por interesses alheios ao povo. Não é admirável reconhecer que as figuras centrais do jogo tem sua imagem pública impecável, já que manipulam como querem a comunicação. Sem falar na quase inexistência (será que é quase?) de políticos engajados nas questões sociais, pensar num suposto grande prejuízo com a aprovação de tal projeto parece levar a crer que sindicalistas e militantes tem espaço na chegada ao poder. Se não obtiverem patrocinadores, jamais terão um cargo no congresso ou em qualquer câmara legislativa. Sendo assim, é razoável crer que mesmo sendo certa a tentativa de incriminar lutadores do povo para não vê-los políticos, não há nenhuma evidência atual de que eles chegam nas atuais condições ao poder, pois o capital faz a sua pré-seleção. E há a remota, mas possível possibilidade de, pela mobilização popular, fazer retroceder aqueles declaradamente inidôneos para a atividade. Também uma prática não pode ser julgada pelos seus executores (militares), mas pelo conteúdo que encerra. O projeto pode perder sua legitimidade por ser ofensor de direitos , o que é diferente de relacioná-lo a quem o idealizou.
David Wilkerson

Saber



Nem sempre parar significa estagnar-se no tempo

ou voltar, retroceder. É fato que vejo muitos que avançam

sem progresso; às vezes é necessário parar e refletir.

Porque a maior, a mais bela e nobre leitura que se deve fazer

é a da vida que se tem, da vida que levou em outro tempo,

da vida que se levará...

Os sábios amantes do saber,

deverão se dar também à reflexão, ao conhecimento da consciência

que há em si.

Dalton Rocha!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fragmentos

"A burguesia já não tem mito algum. Tornou-se incrédula, cética e niilista. O mito liberal renascentista envelheceu demasiadamente. O proletariado tem um mito: a revolução social. Em direção a esse mito move-se com uma fé veemente e ativa. A burguesia nega; o proletariado afirma. A inteligência burguesa entretém-se numa crítica racionalista do método, da teoria e da técnica dos revolucionários. Que incompreensão! A força dos revolucionários não está na sua ciência; está na sua fé, na sua paixão, na sua vontade. É uma força religiosa, mística, espiritual. É a força do Mito. A emoção revolucionária, como afirmei em um artigo sobre Gandhi, é uma emoção religiosa. Os motivos religiosos deslocaram-se do céu para a terra. Não são divinos; são humanos, são sociais"

J. C. Mariátegui

História, materialismo, monismo, positivismo e todos os "ismos" desse mundo são ferramentas velhas e enferrujadas que já não preciso ou com as quais eu não me preocupo mais. Meu princípio é a vida, meu Fim é a morte. Gostaria de viver minha vida intensamente para poder abraçar minha morte tragicamente. Você está esperando pela revolução? A minha começou muito tempo atrás! Quando você estará preparado? (Meu Deus, que espera sem fim!) Não me importo em acompanhá-lo por um tempo. Mas quando você parar, eu prosseguirei em meu caminho insano e triunfal em direção à grande e sublime conquista do nada! Qualquer sociedade que você construir terá seus limites. E para além dos limites de qualquer sociedade os desregrados e heróicos vagabundos vagarão, com seus pensamentos selvagens e virgens - aqueles que não podem viver sem constantemente planejar novas e terríveis rebeliões! Quero estar entre eles!
E atrás de mim, como à minha frente, estarão aqueles dizendo a seus companheiros: "Voltem-se a si mesmos em vez de aos seus deuses ou ídolos. Descubra o que existe em vocês; traga-o à luz; mostrem-se!" Porque toda pessoa que, procurando por sua própria interioridade, descobre o que estava misteriosamente escondido dentro de si, é uma sombra eclipsando qualquer forma de sociedade que possa existir sob o sol! Todas as sociedades tremem quando a desdenhosa aristocracia dos vagabundos, dos inacessíveis, dos únicos, dos que governam sobre o ideal, e dos conquistadores do nada, avança resolutamente. Iconoclastas, avante! "O céu em pressentimento já torna-se escuro e silencioso!"
Renzo Novatore Arcola, janeiro de 1920



"A história é escrita pelas grandes transgressões de quem mudou o mundo com suas inquietações e se na nossa lei a ordem deve se manter, eu quero é desobedecer" (Tonho Gebara)

"Os povos, quando não lhes é permitido escreverem suas histórias com a caneta, a escrevem com o fuzil" (Sandino).

"(...) o ruído dos germes expandia-se num grande beijo.(...) Homens brotavam, um exército negro, vingador, que germinava lentamente nos sulcos da terra, crescendo para as colheitas do século futuro, cuja germinação não tardaria em fazer rebentar a terra."
Emile Zola, Germinal.

“Uma historia cria estereótipos. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentiras, mas que eles são incompletos. Eles fazem uma historia tornar-se a única historia. Como conseqüência, esta historia acabará por roubar a dignidade das pessoas e dificultar o reconhecimento de nossa humanidade compartilhada, enfatizando como as pessoas são diferentes, ao invés de como são semelhantes.” Chimamanda Adichie

Notas sobre uma ocupação

Andrés Rodríguez Ibarra*

“Tinha eu quatorze anos de idade quando meu pai me chamou...perguntou-me se eu queria, estudar filosofia, medicina ou engenharia...”: era esse samba do Paulinho da Viola o que se ouvia, a certo momento, num pleno domingo no Hall de Entrada do Plenário da CLDF. O Flamengo acabava de se sagrar, na televisão de 30 e tantas polegadas que lá fôra colocada, campeão brasileiro de 2009; um pouco antes, no mesmo lugar, havia acontecido um show de rock. Dança, alegria, comemoração se misturavam e quem quisesse se manifestar, dizer o que estivesse a fim, tinha à disposição um microfone aberto.

E aberta também estava a porta que dá para a rua e por onde entravam os poucos brasilienses que atenderam ao chamado de uma vigília contra a corrupção, feito por esses que ora ocupavam as dependências da CLDF. Alguns casais chegavam com as suas crianças, certamente para lhes mostrar algo inusitado, digno de se ver. Mas a maioria, ao ver que não haveria vigília, só música e alegria, optava por voltar para casa. A vigília não deu certo, o povo que se esperava não apareceu, mas o mundo era, naquele instante, pura felicidade e descontração, ainda que uma ameaça de expulsão à força pairasse no ar e estivesse prevista para a manhã do dia seguinte, decorrente de um mandado de reintegração de posse a cargo da Presidência da Casa.

Essas são algumas cenas de um todo maior, que foi a ocupação do Plenário da CLDF pelo movimento Forra Arruda e Toda Máfia por seis intensos dias; e o samba do Paulinho eu o escolhi para iniciar este depoimento porque bem que eu poderia ter começado dizendo: “tinha eu 43 anos de idade, quando, da minha mesa de trabalho, ouvi, junto com minhas colegas... um estrondo de vidro quebrando...”. O movimento entrou numa tarde de terça, arrebentando uma porta de vidro, pondo a baixo um detector de metais, agredindo a um policial legislativo, mas só isso; não houve mais uso de força do que essa. Houve, sim, que eu vi, muito tambor ressoando, muita determinação e uma divisão paritária entre rapazes e moças, entre “ocupantes” e “ocupantas”.


Àquela altura, tinha-se já bastante exposição à profusão de maços de dinheiro entrando em bolsos, bolsas e meias, mas o que se discutia entre colegas e entre companheiros era se tudo isso seria suficiente para resultar em alguma punição. Tratava-se de mais um dos inúmeros casos de corrupção a que temos assistido na nossa política, ou seja, nada que saísse do “normal”, daquilo que todos já “sabíamos” sem o saber. Era, então, uma questão de torcer para que houvesse mesmo uma Pandora dentro daquela “caixa”, com suficiente força para que a nossa Justiça dissesse a que veio. Uma letargia, silenciosa e insuspeita, tomava conta da maioria de nós.

Acostumados que estamos ao dia-a-dia da CLDF, mal nos apercebemos que esse mundo do qual, bem ou mal, fazemos parte, esse universo da política distrital, possui algo que eu só poderia comparar a um cheiro—toda casa tem um cheiro, por que é que esta não teria? Acostumamo-nos aos rituais dos tapinhas nas costas, das “excelências”, dos ternos e dos sapatos reluzentes, que não são, de todo, diga-se de passagem, uma invenção local. Pois bem, ao longo da ocupação, eu ouvi uma repórter comentar com um interlocutor que não agüentava mais o “futum” da tribuna de imprensa, “futum” esse que, segundo ela, vinha dos ocupantes, que não tomavam banho.

O que eu tenho a dizer a esse respeito é que, tendo circulado entre essa garotada, jamais senti o referido fedor. Muito pelo contrário: me chamou a atenção não só o fato de que eles tomavam banho sim (nas suas casas), como o de que tinham toda uma preocupação com o asseio do lugar onde estavam. Não se borrifavam de perfume, tal como é corriqueiro que se sinta nos corredores da CLDF, mas o seu comportamento, a sua atitude, o seu proceder uns em relação aos outros, marcados pela coragem, generosidade, tolerância e disciplina, exalava, sim, um perfume, raro, que me faz pensar no fedor, ético, que nós, que trabalhamos neste poder, temos que, diariamente, suportar.


Se fosse dar um nome ao que ocorreu nesses seis dias de ocupação, eu daria o de sublevação. É uma escolha enviesada, já que se trata de um termo que um guru meu, Michel Foucault, nutriu com carinho, percebendo que há nela uma irredutibilidade:

“porque nenhum poder é capaz de torná-la absolutamente impossível: Varsóvia terá

sempre o seu gueto revoltado e os seus esgotos apinhados de insurgentes. E porque o

homem que se subleva é finalmente sem explicação: é necessário um dilaceramento que interrompe o fio da história e os seus longos encadeamentos de razões, para que um

homem possa, ‘realmente’, preferir o risco da morte à certeza de ter que obedecer.”


E acrescenta esse filósofo francês, a propósito dessa irredutibilidade, que

“ninguém tem o direito de dizer: ‘revolte-se por mim, disso depende a liberação final de todo homem’. Mas eu não estou de acordo com aquele que diria: ‘inútil sublevar-se,

sempre será a mesma coisa’. Não se faz a lei a quem arrisca a sua vida diante de um

poder. Tem-se ou não razão de se revoltar? Deixemos a questão em aberto. Subleva-se,

eis um fato; e eis por onde a subjetividade (não aquela dos grandes homens, mas aquela

de um João-Ninguém) se introduz na história e lhe dá seu alento. Um delinqüente joga a sua vida contra os castigos abusivos; um louco não agüenta mais ser enclausurado e

destituído; um povo recusa o regime que o oprime. Isso não torna inocente o primeiro,

não cura o segundo e não assegura ao terceiro os porvires prometidos. Ninguém, por

outro lado, é proibido de lhes ser solidário. Ninguém é proibido de achar que essas vozes confusas cantam melhor que as outras e dizem o fino substrato do verdadeiro. Basta que elas existam e que elas tenham contra si tudo isso que se obstina em fazê-las se calar, para que exista um sentido em escutá-las e em buscar o que elas querem dizer. Questão de moral? Pode ser. Questão de realidade, seguramente. Todos os desencantos da história nada conseguirão contra elas: é porque existem tais vozes que o tempo dos homens não tem a forma de uma evolução, mas a da ‘história’, justamente.”


Os integrantes do movimento Fora Arruda e Toda Máfia deixaram uma marca na história da política local. Saíram de cabeça erguida da CLDF, pela porta da frente, tendo negociado até o fim os termos da desocupação. No dia seguinte, incorporados ao movimento maior que ajudaram a fomentar, romperam a regra da sua estrita disciplina, invadiram a rua e apanharam, muitos, de uma Policia covarde. Hoje, estão, incólumes, pelas ruas da capital, a caminho, espero, de uma vitória final. O que foi afinal que eles ocuparam de mais importante? Eu diria que os corações de muitos de nós, mais velhos, que achávamos que sabíamos alguma coisa sobre a política. Então, por favor: ocupa, ocupa, ocupa e resiste!

* Consultor Técnico-Legislativo – Sociólogo da CLDF, Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo e Diretor de Finanças eleito do Sindical (2010-2011).