A filosofia maniqueísta se propôs assim como o gnosticismo a ser a delineadora dos contornos entre as duas forças opostas e totalizantes do universo, que por ela foi reduzido a apenas dois princípios: o Bem e o Mal. Toda a ética que conhecemos é fruto dessa dualidade que cria percepções de certo e errado a partir das relações das ações humanas com cada um dos princípios. A infinitude de comportamentos possíveis foi assim enclausurada em duas categorias estanques a partir das quais o mundo é explicado. É possível ver nessa visão a relação com o dualismo das valorações na Lógica Clássica, que comportavam apenas verdadeiro e falso para qualquer proposição. A abrangência dessa filosofia é tão à mostra quando percebemos o quanto o pensamento moderno é moldado por oposições: útil e inútil, negro e branco, belo e feio, mulher e homem, forte e fraco, mau e bom, pequeno e grande, dominante e dominado, inferior e superior, civilizado e bárbaro, etc.
São várias e reveladoras as implicações desse modelo mental acentuadamente na divisão dos seres humanos em dois gêneros: feminino e masculino, e na consolidação do gosto estético: belo e feio.
Feminino e masculino são por essa lógica elaborações que pretendem encerrar a multiplicidade de expressões humanas à suposta determinância que um e outro órgão genital impõe à identidade dos corpos. Todo e qualquer ser humano precisa ser encaixado em uma das categorias. Caso suas particularidades fujam à classificação é definido como desviante ou estranho, necessitado de promover correção. Daqui pode-se conceber a chance que há de tal dualismo trazer em si o germe da dominação, visto que o poder é dual em todas as suas manifestações. Não é por acaso que o mundo contemporâneo em praticamente todas as culturas se mostra machista e heterossexual. A dualidade nunca é equilibrada, há sempre um superior e um inferior. Em todas duplas categorias está presente o elemento poder.
A Estética em consequência apresenta um belo e seu inferior oposto. Aos intermediários a existência é negada. Se estendendo ela a toda realidade sensível, é notório perceber que os corpos humanos precisassem comportar-se em uma das duas. O feio e o belo aplicados aos corpos criou o racismo. Percebemos curiosamente que o padrão de beleza de uma época é sempre o da sociedade ou classe dominante de então.
O motivo de serem os negros, mulheres, glbtts, índios, animais, etc. inferiorizados no atual capitalismo é apenas mais uma das expressões da divisão binária da existência fundada numa relação de poder em que existindo apenas dois um deles precisa dominar por ser "naturalmente" superior.
David Wilkerson
São várias e reveladoras as implicações desse modelo mental acentuadamente na divisão dos seres humanos em dois gêneros: feminino e masculino, e na consolidação do gosto estético: belo e feio.
Feminino e masculino são por essa lógica elaborações que pretendem encerrar a multiplicidade de expressões humanas à suposta determinância que um e outro órgão genital impõe à identidade dos corpos. Todo e qualquer ser humano precisa ser encaixado em uma das categorias. Caso suas particularidades fujam à classificação é definido como desviante ou estranho, necessitado de promover correção. Daqui pode-se conceber a chance que há de tal dualismo trazer em si o germe da dominação, visto que o poder é dual em todas as suas manifestações. Não é por acaso que o mundo contemporâneo em praticamente todas as culturas se mostra machista e heterossexual. A dualidade nunca é equilibrada, há sempre um superior e um inferior. Em todas duplas categorias está presente o elemento poder.
A Estética em consequência apresenta um belo e seu inferior oposto. Aos intermediários a existência é negada. Se estendendo ela a toda realidade sensível, é notório perceber que os corpos humanos precisassem comportar-se em uma das duas. O feio e o belo aplicados aos corpos criou o racismo. Percebemos curiosamente que o padrão de beleza de uma época é sempre o da sociedade ou classe dominante de então.
O motivo de serem os negros, mulheres, glbtts, índios, animais, etc. inferiorizados no atual capitalismo é apenas mais uma das expressões da divisão binária da existência fundada numa relação de poder em que existindo apenas dois um deles precisa dominar por ser "naturalmente" superior.
David Wilkerson
Esse texto tá uma dinamite!!!
ResponderExcluirHum abraço David Té mais...