segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Dimensão Ontológica do Discurso na Filosofia de Foucault

A investigação de Foucault, que interessa na análise de crítica da sociedade ocidental, que se inscreve dentro da tradição genealógica, tematiza a relação equívoca e ambígua entre as formações discursivas e as práticas em geral, pretendendo restaurar a conexão entre o âmbito autônomo da vida com as instituições. Presta-se à análise do discurso, acontecimento supra-individual, enquanto formador das práticas institucionais e produto destas. As formações discursivas correspondem a dispersões epistêmicas de práticas de poder e o saber é uma articulação discursiva de poder, par que Foucault herda de Nietzsche.

Dentro da discussão em torno do estruturalismo Foucault defende uma concepção de linguagem que esgote a monarquia do significante. Apesar de não ser estruturalista, o privilégio que atribui ao descontínuo (contingente, ocasional, fortuito) o aproxima dessa corrente.

Na relação entre o discurso e o não discurso (instituições) se revela o conteúdo deletério da linguagem. O desenvolvimento das formações discursivas recorrendo a noções identitárias é algo de que Foucault pretende fugir sendo que a concepção do discurso em sua concretude foi rechaçada pelo ocidente a favor da monarquia do significante e a relação entre lingüístico e não lingüístico foi esquecida pela filosofia.

Observa-se em Foucault um anti-humanismo no sentido de humano utilizado pelas ciências sociais. O poder que se vale do conceito promove e produz individualidade muito mais que proíbe e veta possibilidades. O ser humano é produto da intersecção de saberes, sendo assim, a linguagem é produtora, não apenas veicular. O autor vê com maus olhos a não enfatização dos âmbitos convencionais (parole) e diacrônicos da língua. Ele resgata o aspecto esquecido pela lingüística estrutural (convencionalismo). O discurso em sua materialidade desenvolve dispositivos sociais de controle de sua produção e distribuição que visam dominar. A verdade como exclusão, já identificada por Nietzsche, se produz pela igualação do não-igual e exclusão das diferenças. A origem da vontade de verdade remonta à antiguidade, onde em O Sofista Platão elabora pela primeira vez o princípio da não-contradição. Ali a verdade se tornou um predicado do que é dito e não um acontecimento fatídico, concernente ao discurso, à dizibilidade. Estabeleceu-se uma relação interna entre verdade e dizibilidade. Nascia o preâmbulo de verdade como correspondência e, de modo, a monarquia do significante.

Foucault identifica três procedimentos de exclusão imanentes à pratica do discurso: a interdição, a separação e a vontade de verdade. A igualação entre essência e aparência no mesmo plano é promover a descrição dos fatos sem pretensão de verdade. Essa ação desmascara a vontade de verdade que sustenta as formações discursivas.


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